Mudar é difícil, todo mundo sabe. Somos racionais, mas habitamos um corpo animal que comporta-se como um cachorro. Mudar requer um certo “auto adestramento”. Se isso falhar, com certeza nos entregaremos à nossa preguiça.
Ah… a preguiça, o centro do problema. Nosso cérebro racional quer ter uma alimentação mais saudável, mas nosso animal quer comer rápido e quer algo que tenha um sabor fácil de ser assimilado.
Queremos nos exercitar, mas nosso animal não quer enfrentar as dores e cansaço que isso exige. E infelizmente, na maioria das vezes o animal ganha. Afinal, um corpo parado tende a ficar parado.
Essa é a dualidade positiva e negativa da nossa atual sociedade. Todos devemos ser super-homens ou somos apenas mais um animal insignificante vagando pela terra.
É positivo porque temos uma gigantesca capacidade para atravessar essa barreira, então devemos desenvolver essa habilidade. Negativo porque são criadas ilhas onde se exige sempre o desempenho máximo e acaba sobrando pouco tempo para qualquer outra atividade.
Esse super-homem nos é exigido nas várias frentes de batalha. O primeiro tropeço consiste em acreditarmos que apenas nosso lado racional é suficiente. É o quase erro dos nerds. Emoções são fundamentais para nossa sobrevivência e não raro nos inspiram melhores soluções do que as racionais.
Quando estamos diante de um problema e temos a sensação de “assim que deve ser feito” mesmo sem saber o motivo lógico, são as emoções impulsionando nossas escolhas.
Habilidades sociais são fundamentais e desafiadoras, mas a maioria ignora isso submergindo em algum trabalho exaustivo para atingir algum tipo de meta pessoal. Pessoas são difíceis, relacionamentos são complicados. Por que não encarar isso como um problema a ser resolvido, e não apenas evitado?
Precisamos aproveitar a vida! Ou ainda, precisamos estar aptos para aproveitar a vida. Acredito que o super-homem na verdade é o homem feliz e essa felicidade pode ter uma relação direta com a sorte.
E o que é a sorte, além de estar no lugar certo na hora certa? Porém, para estar no lugar certo na hora certa é preciso mais que sorte, é preciso estratégia. É preciso saber que tudo que fazemos, por mais besta que possa parecer, nos ensina alguma coisa, e aí entra a estratégia de combinar com outras e outras sem nenhuma relação aparente. Assim, temos um sortudo criativo.
Isso nos retorna ao auto-adestramento. Nosso animal interno, assim como um cachorro, não quer explicações lógicas da necessidade de uma alimentação melhor. Ele precisa de estímulos e de um início, é como dar partida em carro antigo.
Algo para colocar nos trilhos e seguir em frente. Precisamos pensar no longo prazo com o nosso raciocínio lógico e em curto prazo para nosso lado animal. Esse precisa ser recompensado quando faz algo bom, e punido quando faz algo ruim. Muitas vezes esses estímulos vem das necessidade básicas, dessa língua que nosso corpo animal fala.
Queremos abrir um negócio digital por exemplo, mas é mais fácil arrumar um emprego e garantir o almoço da família. Então nesse exemplo, ganhar dinheiro não é um bom estimulo para nosso animal interno. Talvez seja pra nosso lado racional, mas nosso animal interno quer algo mais, quer orgulho, quer fazer parte de algo, quer admiração.
Um homem feliz e de sucesso é aquele consegue juntar as necessidades e vontades dos dois moradores de seu corpo, o racional e o animal, e isso ainda tem que ser aprovado pela massa, pela matilha na qual fazemos parte e chamamos de sociedade.
Não necessariamente agradar a todos, mas sim o que seu código de ética, criado juntamente com essa sociedade, diz ser o certo. Um homem feliz é aquele junta o querer, o poder e o dever na mesma tarefa.
E esse deve ser o santo graal do empreendedor. Querer fazer algo que seu lado racional e animal aprovem, ter a capacidade de fazer isso e ainda, isso deve ser compatível com seus princípios, agindo sem pressa e não como alguém com ejaculação precoce.
Por isso é impossível separar a vida profissional da vida pessoal. É impossível trabalharmos arduamente sem uma vida social e sermos felizes. Lembre-se do “querer” citado acima.
Seu animal pede vida social, pede uma boa conversa, pede sexo, pede amor, pede diversão e muitas vezes seu lado racional irá pensar: “Isso é uma perda de tempo!!”. Acreditem, nunca é.